Angela Moura



Com seus dezoito anos de
alegrias, Tonho e Pati viviam
grudados. Durante todo o tempo,
onde ia a corda já se via
a caçamba.

Mas, recentemente, tiveram
uma briga feia.
Ela, verdadeira artista,
levantando o queixo, dizia pra
todos e cantava pelos cantos
da casa:
- Nunca mais!... Nunca mais quero
olhar para o Tonho, nem quero
ouvir seu nome. Chega!

E decidiu comprar um óculos
escuro.

A mãe de Pati já andava
preocupada vendo a menina
emagrecer a luas e olhos vistos.

Tonho usava de todos os artifícios
e artimanhas para abrir os olhos de
sua amada. Chegou até a fazer
uma aparição com algumas
gatinhas, na frente de sua "ex",
tentando ver se o oculista Ciúme
trazia novas lentes para a miopia
de Pati.

Mas Patinha nada. Nada.
Mergulhou de peito nos estudos e
continuou perdendo a cabeça e a
barriga na trigonometria
da rejeição.

Tonho, apaixonado, virou surfista.
Quando Pati ia à praia, Tonho
pegava e fazia onda. Mas, a
gatinha queimada e escaldada,
de óculos escuros, não
enxergava mesmo.

Outros gatos miavam no pedaço.
Só Pati, com os óculos de sol,
não conseguia ver nada.

Tonho resolveu virar halterofilista.
Levantando e abaixando pesos,
todo santo dia, foi engrossando
pernas e braços para ter força de
agarrar sua gatinha nem que
fosse na amarra.

E veio aquela bendita chuva.
Pati acordou assustada com o
barulho da tempestade, deixando
os óculos de lado.
- Mãe! Estou enxergando de novo
Hoje é dia 12 de junho -
aniversário do Tonho. Vou
correndo me encontrar com ele.

Tonho, depois da boa nova,
não se cabia de contente.
- Gatinha, vou avisar a galera que
você está me vendo outra vez.
Já estava quase desistindo...

Então Pati, no seu maior abraço,
entre beijos e sorrisos, deu a
Tonho, de presente, seu lindo
óculos de sol.




Do livro ROBÔ DA VIDA e outros Contos
Copyright© 1993 by Angela Moura

  

(Repasse com os devidos créditos)
 






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