Pesadelo

Angela Moura


 Robertão andava muito calado. Apesar de
toda a sua pose estava aposentado para
a vida. Parecia um fantasma.
Não sentia vontade de sair
com os amigos, nem mesmo de tomar chope
no bar da esquina.
Ainda estava fazendo a digestão dos
últimos acontecimentos.

Sempre foi o garanhão da rua.
Conseguia todas as mulheres do pedaço.
Podia escolher a que mais o agradasse,
porem, nada o fazia esquecer Diana.
Diana tinha sido especial em sua vida,
só que não havia percebido antes. Era
uma mulher retraída, um pouco insegura,
contudo, dona de uma personalidade
atraente e sedutora.
 
Nas crises, Robertão mergulhava nos
braços de Diana, de onde se saía
sobrevivente de todos os naufrágios...
Pronto para as outras.

Chegaram a fazer planos de uma vida a
dois. Mas, isso podia ficar para mais tarde.
Robertão ainda queria curtir sua liberdade,
as louras e morenas que o cercavam.

Diana era a cúmplice de todas as horas.
Com ela Robertão curtia momentos
inesquecíveis.
A felicidade não é feita de momentos?
Para que mais? Era o que ele sempre
repetia, pelo menos, até aquele dia.

Foi um lindo sábado de sol.
Robertão acordou feliz e resolveu convidar
Diana para um passeio de carro pelo litoral.
Chegando à casa de Diana, encontrou
apenas um bilhete com poucas linhas.

"Robertão, estou de saída. Vou passar
minhas férias com o Beto. Estou mais feliz
que esse dia lindo. Deixo seu lado machista
para trás. Não sei quando vamos voltar.
Beijos de sua, Diana."

Robertão, chegando à janela, ainda pôde
ver Diana, de azul, num conversível
idêntico ao seu.

De repente, engoliu um elefante: o
motorista ao lado dela tinha a sua cara.
Podia até jurar que era ele mesmo.
E, o lado machista de Robertão, a partir
daquele dia, ficou na saudade.


Do livro O ROBÔ DA VIDA e outros Contos
Copyright© 1993 by Angela Moura


(Repasse com os devidos créditos)






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