UM
GRANDE BANCO
Angela Moura
É
hora do lanche, já passou a
de almoço.
A fila dos caixas começa a
crescer.
Dois
caixas se levantam para fazer um lanche
rápido: a cocada que o rapaz
da esquina acabou de trazer.
O caixa seguinte precisou atender
um telefonema urgente, provavelmente
muito sério, porque se ausentou,
mais ou menos, uma hora.
O
terceiro caixa saiu em busca de um
cartão de assinatura, e, pelo
tempo que levou, deveria estar em
outra agência.
A
caixa ao lado levantou-se para buscar
mais dinheiro no último andar
do prédio sem elevador, tendo
em vista sua demora.
Enquanto
isso os três gerentes, concentrados
em seus papéis, não
conseguiram perceber nada: nem
o tamanho das filas, a ausência
dos funcionários, tampouco
o mau humor dos clientes.
Até
que para salvar a história,
uma senhora começou a passar
mal.
Na
mesma hora, os funcionários
correram para seus caixas e, em dez
minutos, atenderam uma fila que esperava
por duas horas. Naturalmente, com
a importante ajuda de um dos gerentes,
que ofereceu cadeira, cafezinho e
água gelada, àquela
senhora indisposta, tendo-lhe dado
um atendimento mais que especial.
É
uma pena ser preciso alguém
passar mal, criar um caso, uma discussão
ou fazer um escândalo. Só
assim, infelizmente, consegue-se acordar
os funcionários que, por descuido,
insistem em dormir confortavelmente
no ponto.
Eles não fazem por mal, é
a força do hábito.