Angela
Moura
"A
razão do mais forte
é sempre a melhor."
LA FONTAINE
Quando estiver sentado, nunca
discuta com alguém em pé à
sua frente.
Sabe
por quê?
Você já perde de saída.
A pessoa em pé dobra de tamanho. Isso
só tende a estimular sua coragem e arrogância,
canalizando-as em cima de você.
Dizem
que tamanho não é documento, mas
a gente sabe muito bem que é. E como
sabe!...
Numa hora dessa, de que adianta o extrato, o
frasco daquele perfume divino, a minúscula
jóia de maiúsculo preço,
aquela gotinha de pimenta que mata dez, se o
que está em jogo é a sua linda
carinha e o cliente de pé é peso
pesado?
Não
pense muito e puxe firme o tapete dele.
A primeira e mais importante medida é
fazer o cliente brigão sentar-se à
sua frente.
De pé, convide-o para sentar-se, fazendo
o mesmo em seguida.
As
coisas de saída parecem melhorar. O equilíbrio
fica meio restabelecido, seu coração
começa a voltar ao compasso normal.
O
cliente, um pouco menor, já deve estar
menos nervoso ou querendo se parecer mais calmo,
desde o capítulo anterior. E, sentado,
ele fica bem menos forte.
Note-se
que o corpo humano tende a se descontrair quando
sentado. Sendo assim, você já tem
um clima facilitador para conseguir apaziguar
o seu menos bravo cliente.
Ele sentado nada mais é do que uma visita
e, pelo certo, deveria portar-se como tal. Como
todo bom visitante, acaba tendo que fazer mais
cerimônia e até lhe agradecer,
mentalmente, pelo confortável assento.
Afinal de contas, a casa é sua.
Um
segredinho: se sua cadeira for regulável,
deixe-a um pouco mais alta do que a dele.
Depois
do confronto do tamanho e de todo esse tamanho
de conforto, que não é para qualquer
um, mais uma batalha vencida.
Agora,
cá entre nós, mesmo sem qualquer
reclamação ou briga por parte
do cliente e, apesar de sua comodidade, não
é educado nem elegante atender sentado
a alguém de pé.
Para
um bom atendimento, você só tem
uma alternativa: ou fica de pé e sofre
como ele, ou faz um convite para que se sente
também. A escolha é sua.
Do
livro "$O$, Salve-se o Cliente"
Copyrigh © 1993 by Angela Moura
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