II
OS
DEZ CACHORRINHOS
Na
segunda ninhada da Aika, dos
dez, um de seus filhotes nasceu
morto. Ela tentou reanimá-lo,
de todas as formas.
Ao mesmo tempo, não deixava
de dar atenção
aos outros que, depois de muito
lambidos, mamavam como anjinhos.
Como
ajudamos no parto, aproveitei
um momento de distração
da mãe e escondi o filhote
morto, afastando-o dos demais.
Ela não expressou nenhuma
reação e pensei:
Graças a Deus, tudo resolvido!
Sentindo-me integrante de um
milagre, continuei saboreando
aquela cena da mãe e
suas crias. Como
Deus está presente nesses
momentos...
Uma mãe imensa, pesada,
cansada. Filhotes do tamanho
da minha mão com olhos
fechados para o mundo. E aquela
dança da vida - um balé,
onde uma bailarina, na ponta
dos pés, dançava
num pequeno palco, sem incomodar
seus filhotes. Que espetáculo!
No
dia seguinte, apareceu, como
por encanto, entre os bichinhos,
um pequeno patinho de borracha.
Retirei o patinho e, logo, estava
ele por ali.
Outro
dia, para limpeza do cantinho
deles, levei todos os filhotes
para a varanda. E lá
vem ela - a mãe Aika,
toda alegrinha, com o patinho
de borracha na boca. Deita-se
juntinho dos seus filhotes,
e coloca, com carinho, o patinho
borrachudo debaixo da barriga.
Agora
sim: eram dez. |