EU
E O PINGÜIM
Angela Moura
- Oi, amiguinho...
Você não é um Pingüim?
O que está
fazendo, sozinho, numa praia do Rio de Janeiro?
- Algumas vezes, sou levado por correntes
marinhas e acabo
conhecendo pessoas e lugares novos.
-
Confesso que estou com medo... Você morde?
- Só quando ameaçado. Eu me alimento
de peixes, camarões e polvos.
Não fique preocupada, você não
corre risco algum.
-
É um prazer conhecê-lo pessoalmente!
Você é mesmo uma gracinha!
Não sabia que era coberto de penas...
- Na
verdade, eu sou um pássaro. Tenho mais
penas do que
a maioria deles. Sou coberto de penas macias por
baixo e de
penas externas sobrepostas, o que mantém
o calor do meu
corpo em lugares muito frios.
Tenho uma glândula, que produz um óleo
lubrificante para
impermeabilizar as penas e conservar minha pele
seca.
Como
outras aves marinhas, também temos glândulas
que ajudam a livrar nosso corpo do excesso de
sal.
Estas glândulas são eficazes e permitem
que bebamos
água do mar sem qualquer efeito nocivo.
- Fantástico!
Nunca iria imaginar uma coisa dessas...
- Tem mais:
a minha camuflagem...
As penas pretas das minhas costas misturam-se
à escuridão
das profundezas do oceano e impedem que eu seja
visto por
algum predador acima de mim. E as penas claras
do peito e
da barriga confundem-se com a superfície
clara do mar
quando me olham por baixo. Isso evita que meu
corpo
seja visto por meus inimigos.
As penas escuras das costas, além de proteção
contra as
ameaças, auxiliam a absorver o calor do
sol, aumentando
a temperatura do meu corpo.
O sistema circulatório
dos pingüins se ajusta para conservar
ou liberar o calor do corpo, e assim manter uma
temperatura
estável, necessária à nossa
sobrevivência.
Quando vivemos em climas mais frios, temos a tendência
a ter mais penas e maior densidade de gordura
do que os
que vivem em climas mais mornos.
- A Natureza é sábia,
não é? Você é uma criatura
bem
interessante. Conte-me mais sobre sua vida...
- Modéstia
à parte, nadamos muito bem. Voamos debaixo
da água. Passamos a maior parte da nossa
vida no mar.
Nossos corpos são apropriados para a natação,
e atingimos,
segundo pesquisadores, uma velocidade média
na água
de, aproximadamente, 15 milhas por hora.
Temos
um bico comprido, o pescoço sem contorno
definido,
uma cauda curta semelhante a das galinhas, embora
maior,
e asas tão diferentes, que nos distinguem
no reino animal.
Temos "pés de pato", apropriados
para ganhar impulso na água
e para andar na terra.
- A sua
voz parece um latido... Se eu contar, ninguém
vai
acreditar em mim... Você é muito
fofo! Como é a
sua família? Será que são
simpáticos como você?
-
Posso tocar em você, enquanto conta sobre
sua espécie?
- Claro! Gosto
muito de gente. Nós, os pingüins,
somos muito
sociáveis. Normalmente, vivemos em grupos
bem grandes.
Apesar da grande população de pingüins,
nossas fêmeas
colocam apenas um ovo. O período de incubação
é de cinco a
seis semanas. Os machos se revezam com as fêmeas
na caça
de alimentos, para que um possa dar sempre proteção
ao ovo.
Valorizamos muito nossas famílias.
Hoje, são reconhecidas dezessete espécies
de pingüins
no mundo, cada uma com características
marcantes.
Nosso Habitat é o hemisfério do
sul, nos climas que variam
dos trópicos mornos às geleiras
da Antártida.
- Como
conseguem viver em locais tão frios?
- Como
as baleias, temos uma camada de gordura sob
nossa pele chamada, apropriadamente, de "gordura
de baleia",
que nos aquece. Ela mantém isolamento térmico
na água fria,
mas, não é bastante para manter
a temperatura de corpo estável
no mar por muito tempo. Os pingüins precisam
permanecer
ativos, quando estão na água, para
gerar calor ao corpo.
- Você
sabia que, uma vez por ano, substituímos
as penas velhas por novas?
A pena nova vai crescendo debaixo da velha,
deslocando-a para fora. Quando a nova está
crescida,
a velha cai.
Durante a muda de penas, perdemos nossa proteção
de isolamento térmico e impermeabilidade
e,
por isso, somos obrigados a permanecer fora da
água
até que as penas sejam totalmente substituídas.
Uma camada de gordura, acumulada na época
de muda,
garante-nos energia até que possamos entrar
na água
novamente em busca de comida.
- Já
descansei, tomei emprestado o seu tempo e, agora,
preciso ir andando... Minha PINGÜIM está
esperando
por mim na próxima praia.
-
Espera aí! Deixa eu prender meu cabelo,
que eu quero
lhe dar um abraço bem apertado...
Desejo que encontre logo a sua PINGÜIM e
façam,
juntos, lindos passeios por nossas praias.
Tudo de bom para você, amiguinho!
Espero que a gente volte a se ver...
- Tchau, tchau, pingüimzinho!
Não vou esquecer você!
- ATÉ UM DIA, ANGELA!
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Fotos: Angela Moura©1976
Búzios - Rio de Janeiro - BRASIL
Fontes:
(Simpson, 1976)
(Faíscas e Soper, 1987).
(Del Hoyo, et al., 1992)
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2002 by Angela
Moura
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