Angela Moura
Um benemérito
cidadão construiu um clube só
para artistas.
Como dono da idéia, elegeu-se presidente.
Contratou quatro amigos para, juntos,
administrarem o mencionado clube, dando-lhes
as gerências financeira, administrativa,
de vendas e de divulgação.
A
primeira, única e unânime
providência da equipe foi a colocação
de letreiros com seus nomes nas portas
das respectivas salas. Era um letreiro
maior que o outro.
Logo
na primeira semana, o gerente financeiro
descobriu o administrativo efetuando compras
sem sua autorização e, não
podendo demiti-lo, resolveu pedir as próprias
contas.
O
administrativo surpreendeu o gerente de
vendas vasculhando suas gavetas atrás
de formulários e outros materiais
de expediente. Apesar das desculpas do
outro, possesso, depois de expulsá-lo
de sua sala, assinou uma carta de demissão.
O
gerente de vendas, ainda atordoado, ao
entrar em seu gabinete, flagrou o gerente
de divulgação vendendo um
título do clube. Irritado com a
intromissão do outro gerente, após
uma violenta discussão na frente
do novo sócio, decidiu se afastar
definitivamente.
O
gerente da área de divulgação,
histérico, desconhecendo o motivo
de tanta agressão, não encontrando
o presidente, divulgou, aos berros e aos
quatro ventos, sua desistência e
sumiu apavorado do local.
O
presidente, ao chegar no clube, não
encontrou mais ninguém. Ainda olhou
seu cartaz, fechou a porta e saiu. Não
podia perder tempo, tinha que decorar
um texto para outra novela.
E
o Clube dos Artistas, afinal, não
passou nem do ensaio.
MORAL
DA HISTÓRIA
Na ausência de liderança
e objetivos comuns, os membros do grupo,
não conscientes de seus limites
éticos e emocionais, em vez de
contribuírem para o todo, começam
a se perder, por vaidade, no jogo das
disputas pessoais.