A CRÍTICA

Angela Moura

 

O ser humano é suscetível a críticas, sejam sobre a sua pessoa, atitudes ou trabalho, sendo mais sensível à sua autocrítica. Esta última antecipa-se aos julgamentos externos, algumas vezes de forma tendenciosa.

Ser um crítico consciente é uma arte.

A crítica costuma ser a grande inimiga de qualquer trabalho criativo, solapando, de forma devastadora, a segurança e a autoconfiança necessárias.

Analisando a crítica, podemos perceber a facilidade com que ela pode ser expressa, tendo em vista que quem a faz não está envolvido com o processo e pode estar amarrado aos padrões e preconceitos que o indivíduo criticado trabalhou por deixar para trás.

É muito fácil criar em cima do que está pronto - daquilo que já saiu do nada. Falta um vermelho aqui; um movimento naquele desenho; outra palavra cabe melhor nesse texto e assim por diante. E o crítico vai jogando e descarregando, às vezes, inclusive, suas frustrações e dificuldades, de forma inconsciente ou irresponsável, mesmo sem a intenção de prejudicar ou desestimular.

Por isso, não se deve buscar reconhecimento de seu trabalho ou medir seu sucesso pelas palavras e aplausos dos outros - o que só serve para alimentar ansiedades e inseguranças.

Muitos artistas e inventores só tiveram o reconhecimento por suas obras e descobertas após a morte, por desafiarem os conceitos e crenças de suas épocas.

A crítica e a autocrítica devem ser bem canalizadas para a etapa posterior: a de seletividade, onde entre possibilidades múltiplas se dá a escolha e a decisão final.

No término de qualquer trabalho criativo tem que existir o confronto com a opinião alheia. Todas as sugestões e comentários devem ser bem-vindos e considerados de extrema importância para o amadurecimento e crescimento tanto da obra quanto do autor. Uma crítica séria e ponderada é sempre construtiva.

A citação de Kennedy, transcrita na imagem acima é um espelho da realidade. É muito fácil criticar, não acha? Ainda mais, quando não se tem compromisso com a solução ou o com o encontro de alternativas.

Os elogios também costumam ser descompromissados com soluções e não acrescentam muito ao trabalho em si. Contudo, sem dúvida, aumentam a autoconfiança e a segurança de quem os recebe.

Em contrapartida, a crítica séria pode representar a melhoria da qualidade e do resultado, mesmo que se necessite recomeçar do ponto de partida.

O bom crítico é impessoal. Não abusa do elogio para agradar e, sem ser levado pelos humores, sabe usar a crítica para favorecer o aperfeiçoamento dos demais, apontando falhas sem esquecer de exaltar as qualidades.

E quem for esperto que tire proveito da crítica, boa ou ruim não importa, e consiga diagnosticar seus pontos críticos para corrigi-los e aprimorá-los.

A crítica nem sempre é agradável. Mas, com certeza, deu mais trabalho ao crítico do que aquela célebre frase de quem não quer se dar ao trabalho de analisar e contribuir com sugestões:

- Está ótimo!

Não acredite nela. Sabemos que a perfeição é uma mistura de talento e muito trabalho e que tudo na vida pode e deve ser melhorado.

Como todos somos críticos, vamos cuidar para não repetir o erro dos outros e exercitar bem nossa crítica. Além da crítica ser uma arte, ela pode se transformar num aprendizado para nós e um bom exemplo ou estímulo para outros.

Pelo menos, vamos tentar.

 

Adaptado do livro "ENSAIOS DA CRIATIVIDADE"
Copyright © 1992 de Angela Moura

 

 


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