O ser humano
é suscetível a críticas, sejam
sobre a sua pessoa, atitudes ou trabalho, sendo
mais sensível à sua autocrítica.
Esta última antecipa-se aos julgamentos externos,
algumas vezes de forma tendenciosa.
Ser um crítico
consciente é uma arte.
A crítica
costuma ser a grande inimiga de qualquer trabalho
criativo, solapando, de forma devastadora, a segurança
e a autoconfiança necessárias.
Analisando
a crítica, podemos perceber a facilidade
com que ela pode ser expressa, tendo em vista que
quem a faz não está envolvido com
o processo e pode estar amarrado aos padrões
e preconceitos que o indivíduo criticado
trabalhou por deixar para trás.
É
muito fácil criar em cima do que está
pronto - daquilo que já saiu do nada. Falta
um vermelho aqui; um movimento naquele desenho;
outra palavra cabe melhor nesse texto e assim por
diante. E o crítico vai jogando e descarregando,
às vezes, inclusive, suas frustrações
e dificuldades, de forma inconsciente ou irresponsável,
mesmo sem a intenção de prejudicar
ou desestimular.
Por isso,
não se deve buscar reconhecimento de seu
trabalho ou medir seu sucesso pelas palavras e aplausos
dos outros - o que só serve para alimentar
ansiedades e inseguranças.
Muitos artistas
e inventores só tiveram o reconhecimento
por suas obras e descobertas após a morte,
por desafiarem os conceitos e crenças de
suas épocas.
A crítica
e a autocrítica devem ser bem canalizadas
para a etapa posterior: a de seletividade, onde
entre possibilidades múltiplas se dá
a escolha e a decisão final.
No término
de qualquer trabalho criativo tem que existir o
confronto com a opinião alheia. Todas as
sugestões e comentários devem ser
bem-vindos e considerados de extrema importância
para o amadurecimento e crescimento tanto da obra
quanto do autor. Uma crítica séria
e ponderada é sempre construtiva.
A citação
de Kennedy, transcrita na imagem acima é
um espelho da realidade. É muito fácil
criticar, não acha? Ainda mais, quando não
se tem compromisso com a solução ou
o com o encontro de alternativas.
Os elogios
também costumam ser descompromissados com
soluções e não acrescentam
muito ao trabalho em si. Contudo, sem dúvida,
aumentam a autoconfiança e a segurança
de quem os recebe.
Em contrapartida,
a crítica séria pode representar a
melhoria da qualidade e do resultado, mesmo que
se necessite recomeçar do ponto de partida.
O bom crítico
é impessoal. Não abusa do elogio para
agradar e, sem ser levado pelos humores, sabe usar
a crítica para favorecer o aperfeiçoamento
dos demais, apontando falhas sem esquecer de exaltar
as qualidades.
E quem for
esperto que tire proveito da crítica, boa
ou ruim não importa, e consiga diagnosticar
seus pontos críticos para corrigi-los e aprimorá-los.
A crítica
nem sempre é agradável. Mas, com certeza,
deu mais trabalho ao crítico do que aquela
célebre frase de quem não quer se
dar ao trabalho de analisar e contribuir com sugestões:
- Está
ótimo!
Não
acredite nela. Sabemos que
a perfeição é uma mistura de
talento e muito trabalho e que tudo na vida pode
e deve ser melhorado.
Como todos
somos críticos, vamos cuidar para não
repetir o erro dos outros e exercitar bem nossa
crítica. Além da crítica ser
uma arte, ela pode se transformar num aprendizado
para nós e um bom exemplo ou estímulo
para outros.
Pelo menos,
vamos tentar.
Adaptado
do livro "ENSAIOS DA CRIATIVIDADE"
Copyright © 1992 de Angela Moura