A
REBECCA
Desde
o início, deu para perceber
uma cumplicidade entre nós.
Assim
que eu chegava em casa, ela
não saía mais
de perto. Por onde eu andasse,
estava atrás.
Que
cachorrinha mais fofa!
Era
a menorzinha da ninhada. Tão
magrinha que se podia contar
os ossos e pares de costelas.
Muito
leve e ágil, era a única
que conseguia subir no sofá
e pular no meu colo.
De
minha parte, eu a cercava de
atenção.
Como
ela comia devagar, para não
ser atropelada pelos outros,
sempre espertos e esfomeados,
na hora de sair para o trabalho,
dava-lhe um mingau reforçado,
antes de servir os demais. Sabe
aonde? Em cima da bancada da
pia.
Tentava
não me ligar muito ao
cachorrinho. Ela e os irmãozinhos,
logo, escolhidos por alguém,
iriam embora...
Engano
meu. Todos foram adotados e
ninguém quis a minha
magrelinha.
Pensam
que fiquei chateada?
Foi um grande alívio.
Naquela altura, a magrela, a
quem dei o nome de Rebecca,
já fazia parte da família.
Sabem
o mais engraçado? O nome
de todos da minha família
começava com a letra
R.
Penso
que ela sabia disso. |